Ele se aproximou de Jonathan,que já se encontrava passando mal. Com muito cuidado começou a se apresentar. Eis então que questionou a Jonathan:
-Senhor,não pude deixar de reparar na forma em como se encontra,era próximo da vítima?
Então,ele,sem forças,levantou o olhar e respondeu pausadamente:
-Amanda é a mulher mais preciosa que já conheci...Mas sinceramente,não somos próximos ainda. (Não como eu gostaria,ele pensou.)
O policial prontamente,desconfiado,prosseguiu:
-O senhor demonstrou algum tipo de envolvimento emocional,eu preciso muito que o senhor seja mais claro em suas declarações,quando for requisitado na delegacia.
Jonathan,que não tinha mais nada o quê dizer,a não ser que estava de saco cheio,respondeu:
-Policial Ben,estou a total disposição para qualquer esclarecimento(soluço,pausa...lágrimas escorrendo novamente). Eu amo-a em segredo,e pra mim está sendo doloroso além do que você possa imaginar. Por favor,poderia me deixar sozinho?
Ben olhou para ele com sentimentos contraditórios,ainda desconfiava de que ele poderia tê-la raptado,mas...Resolveu deixa-lo em paz:
-Senhor Jonathan,se souber de alguma coisa...Qualquer coisa,entre em contato conosco. Aqui está o meu cartão.
Jonathan o pegou,e uma lágrima caiu no cartão em laminação fosca. Agradeceu,e se retirou.
Ligou para empresa,antes...se acalmou. Avisou que não poderia trabalhar,explicando a situação(não de forma integral). Deram-no 4 dias de folga,achando que era alguém de sua família.
Ele logo pensou...-"4 dias...tenho 4 dias para cooperar nessa investigação. Preciso pensar,agir...Preciso ter minha pequena de volta. Droga,ela não é minha! Quem será que a sequestrou? Quem? O que estão fazendo com ela?"
Sentou-se na poltrona de couro,que seu pai havia deixado na casa antes de sair,após a separação. Seu irmão era casado,já não estava mais presente com tanta constância,em sua vida.
Lembrou-se que fez questão de falar para seus amigos sobre seu interesse,por Amanda. Começou então a teia da desconfiança...E quanto mais ele se aprofundava,mais encontrava. Como se olhasse para o abismo,e ele retribuísse o olhar.
-"MALDITOS!" Falou alto,enquanto batia o punho no braço da poltrona.
Seu jeito puro e deveras poético,de lidar com as coisas da vida,transformou-se em uma ira,sem igual. Um mar vermelho de sangue,se aproximava ainda mais...envolvia-o em ressentimentos,dores...O ódio...Ah,o ódio, como a principal arma para defender sua amada. Mas ele não percebia que se perdera,antes mesmo de começar qualquer busca,qualquer investigação,por conta própria.
Seu equilíbrio Taoista havia abandonado-o,para dar lugar ao lado animal humano...Ao lado da luta por preservação da espécie e território. Sentia-se com os músculos enrijecidos,mais do que o comum.
Tratou de tomar um banho frio,para ver se acalmava-se...O vapor saía de sua pele,esse calor era anormal.
E ele queria ir até o fim...Agora,não tinha mais volta.
Recordou-se de Ray,um caráter duvidoso e oportunista...Nojento,grotesco,asqueroso. Ele declarou em alto e bom tom uma vez,coisas absurdas sobre o que faria com Amanda em 2 horas.
Tinha acabado de tomar banho,e já se sentia suado. Jonathan pegou então a chave de casa,e se dirigiu a torre onde ele morava.
A polícia ainda se encontrava lá,obviamente. Ele disfarçou seu caminhar e foi...Bateu na porta,ninguém atendia. -"Era ele!" pensou.
Arrombou a porta,e encontrou a casa limpa... Desceu,chamou o policial Ben,e relatou o que havia acontecido. Ben procurava não ser brusco,devido ao estado emocionalmente instável que Jonathan mostrava. Mas sentia que ele falava a verdade...
Encobriu então o arrombamento da porta,e chamou seu superior.A investigação partiu dali,de forma mais densa. Nas ruas,uma equipe. No condomínio,outra de prontidão.
A noite foi se aproximando,e completava 24 horas de desaparecimento...Toda equipe sabia que não podia deixar passar mais tempo. Quanto mais horas,mais as chances de reencontrá-la serão nulas!
A espera era insuportável,pra família principalmente. Os pais,irmãos,as avós,os tios e tias,todos...todos se encontravam paralisados,abatidos.
Jonathan em sua casa,olhava pela janela de vez em quando,em direção ao apartamento de Amanda. Só para reparar a movimentação. Nada...e nada...e mais nada,além da agitação proveniente.
O dia amanheceu,e ele não havia dormido. Sua mente estava como um labirinto...e cada vez mais soturno seu jeito de lidar,se tornava.
Mesmo que Amanda fosse encontrada,ele não seria mais o mesmo. O que estava acontecendo? Não se lembrava,e toda vez que tentava lembrar,sentia dor de cabeça.
Em meio a seus devaneios,pensou: -" Eu devia ter me aproximado,ter sido mais corajoso. Ela estaria comigo agora,protegida,segura. Minha,somente minha!"
Passaram-se então 48 horas,enquanto todos estavam perdendo as esperanças...Amanda apontou na colina onde o prédio foi construído. Desmaiou,assim que chegou.
Roupas ligeiramente rasgadas,sua pele estava suja de terra. Quem a pegou em seus braços,no resgate de si mesma,foi Ben.
Levaram-na então para o Hospital mais próximo,e depois seguiriam os exames de corpo de delito.
Jonathan,assim que teve a notícia,correu para o Hospital... A surpresa maior é que quando a visitou em seu quarto,ela gritava incessantemente.
Foi preciso que alguns enfermeiros viessem conferir o que estava havendo.
Ela dizia a todos que estavam presentes: -" Foi ele,foi ele. Esse filho da puta pervertido. Egocêntrico,psicopata,louco,machista...Foi esse desgraçado!"
Jonathan sentia como uma agulhada em seu cérebro,e caiu no chão antes mesmo que qualquer policial o encurralasse.
Quando acordou,estava em um dos quartos do hospital,onde foi improvisado um interrogatório,enquanto ele recebia cuidados médicos.
Ben o informou que Ray tirou férias há 2 meses,e foi encontrado em outro estado,com a família. Então quando menos esperou,Jonathan soltou uma gargalhada contínua e em sua expressão sarcástica dizia:
-"Amo-a desde que ela se mudou para o condomínio. Eu cresci naquele ambiente,nunca havia visto alguém com tanta luz...alguém que pudesse realmente ser minha. Estar a minha altura. Mas,ela me olhou algumas vezes,alguns cumprimentos...Ok(um sorriso lateral se formou ligeiramente). Por que ela não queria ser minha? O que há de errado nisso?
Ben o olhava aterrorizado e questionou:
-"Você a violentou,seu crápula?"
Outra gargalhada que tomou o hospital,a ponto de Amanda ouvir,foi dada. Ele então respondeu:
"-Não é violentar,quando se ama,é?"
A equipe logo chamou os psiquiatras locais, era nítido o distúrbio em Jonathan, e a polícia desconfiava que ele não havia tocado em se quer um fio de cabelo dela. Era preciosa demais,para ele.
Ao falar sobre isso,após com resistência ele tomar o tranquilizante e ser removido ao sanatório,exclamou:
-"Nada pode me segurar(sorrindo,descompromissadamente),agora,ela teve minha atenção...Mesmo olhando para mim daquela maneira,dizendo aquelas coisas...Ela sabe,ela sabe. Esse laço não se quebrará...Não...Não se quebrará..."
Amanda estava fora de perigo,mas resolveu visita-lo no sanatório. Forte como um baluarte,queria bater de frente com aquilo tudo,para não ter traumas na vida.
Assim que avistou-o,segurou firme na mão do policial Ben. Pensou em desistir,mas foi caminhando e sentou-se atrás dele. Pelo perfume,ele sabia que era ela,e então virou-se dizendo:
-"Meu amor,finalmente você veio para ficar comigo não é? Aqui é tranquilo,seguro,podemos ter nosso próprio canto,começar daqui uma vida nova...Juntos...!
Ela respondeu:
"-Por quê Jonathan,por que eu?
Jonathan passando a mão em seu cabelo,disse,com um suspiro profundo:
-"Porque você,Amanda,está destinada na vida,a caminhar ao lado dos mais afortunados. Nosso encontro,não foi do nada...Me mostraram seu nome,seu nome no fogo..."
-"Quem deu meu nome Jonathan,quem?" (a respiração de Amanda era escassa).
-"A Dama de preto,o véu da noite,o manto sagrado,a morada dos perdidos...Você é minha salvação...É MINHA SALVAÇÃO(começou a gritar),ENTENDA...É O SEU DESTINO!
Amanda saiu de lá o mais rápido que pôde,com os gritos de Jonathan em sua cabeça...
Quando caiu no sono,pelo cansaço,parecia ter um fardo irreparável para lidar.
Jonathan não a deixou simplesmente por estar no sanatório...
Ele sempre fazia suas projeções astrais,invadia os sonhos dela...Queria-a ao seu lado,na insanidade,como já quis um dia na plena sanidade.
"Porque eu quero,e isso será meu. Vontade sobre amor,amor sobre circunstâncias."
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