sábado, 14 de dezembro de 2013

Sono descuidado...


Ele disse para mim em seus lindos olhos profundos,em seus lábios carnudos,seu rosto robusto e seu caminhar tranquilo,que o mundo não era uma boa morada. Nos encontravamos raramente,mas eu não o tirava de minha cabeça.
Houve um dia em que soube que ele sofreu o feitiço de um necromante. Este necromante foi ativo em sua vida,durante algum tempo. Certa vez,ele acordou no meio da noite,e não conseguia mexer seu corpo,nem falar. Segundos que pareciam uma eternidade...
O raciocínio estava comprometido,completamente invadido por forças ocultas. Nada fazia com que isso parasse. Foi então definhando-se,consumindo-se até seu fim.
Mas seu fim era seu recomeço!
Sexta,feira,13 de Dezembro de 2013. O dia estava inquieto,assim como minha mente. Abri meu livro na página 66,em uma fala de Confúcio a Lao-tsé: "Ah,quanta sabedoria neste homem! Não há outro deste lado do céu,ele é como a Fênix entre corvos."
A brisa atravessava a janela,completamente despretenciosa,arrepiando-me e fazendo-me passar as mãos pelos braços,procurando esquentar um pouco,meus sentidos.
Caminhei até a janela,os raios de sol me faziam lembrá-lo. Foi então que o vi passar. Estava com uma calça jeans,com detalhes em preto e branco(não conseguia ver a estampa),uma regata branca e um colete de couro. O cabelo preso,com suas ondas tímidamente contidas. Ele não me conhecia completamente,apenas tinha ouvido falar de meu nome,e de algumas coisas a meu respeito,por ser amigo de alguém da minha família...
Naquele momento pensei em como ele estaria,se havia recuperado-se completamente daquele caos,porque continuava um homem exuberante...Pisava no chão como filho do trovão! Sim,ele estava diferente...
Tive de ir até o carro para buscar uma papelada que precisava trabalhar. Na volta,pude avistá-lo sentado no jardim. Jasmins,rosas,lírios,o cercavam. Além da bela folhagem distribuída em cada canto do local.
Nossos olhares se encontraram novamente,e eu decidi me aproximar. 
Pedi para sentar,recebi um sorriso singelo em resposta,e então fomos conversando.
Ele parecia contido,não por naturalidade,mas por precaução. Começamos a falar sobre família,trabalho,amigos,quando senti que não haviam mais impecílios drásticos.
Um beijo nos trouxe até aqui...e nos transformou completamente.

Meus olhos teimavam em repousar sobre ele até neste momento.
Sua quietude, sua discrição, sua aparente timidez, abriram caminho para seus feitos serem perfeitos. Para minha tristeza.

Ninguém podia ouvir meus gritos,nem minhas preces,nem presenciar minha luta. 
Minhas unhas ficaram cravadas naquele jardim, a terra se misturava com o sangue, minhas roupas,rasgadas faziam parte das rosas vermelhas,próximas onde aquela cena ocorria. 
A agonia era tamanha que perdia a respiração, pouco a pouco... Como se desistisse de tentar livrar-me daquilo tudo.
Então ele me olhou, cercando meu rosto com suas mãos e disse:
-Agora você saberá todo dia,o que é temer dormir. Estarei com você, sempre. Obrigado por dividir comigo esse fardo.

Acordei-me de súbito... Estava nua,em minha cama. Olhei para o espelho e o vi,sorrindo para mim, em plena manhã.

Nunca desejei tanto que um dia fosse longo...
Mas era em vão...
Não sabia que um olhar poderia ser uma sentença... 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Deixe-me ir...



14 de Setembro de 2016,ás 2:00 da manhã. Liguei para Colombo e pedi que viesse a minha casa. Conversamos e então...
Ele relutou,eu não.


Deitada sobre a grama,olhei em direção ao ipê que estava em meu lado direito. Observava o caminho que as folhas faziam,enquanto caiam,embaladas pelo vento. Era uma tarde radiante,mas não para meu coração.O sentimento de perda,é difícil de lidar. Ainda mais quando só você,valoriza-o!
Meu corpo queria se erguer,mas minha mente impedia-o. A terra me chamava de sua,as plantas amenizavam meu peso sobre o solo,as gotas da chuva recém chegada,purificavam meu Ser. Não queria acabar com isso,já que todo restante,não tinha mais valor. Talvez eu devesse compreender as passagens da vida mais rapidamente. Assim,não me apego a detalhes que ninguém nota!
Lembrei de meu caminho,para chegar até aqui. Passei por pessoas desconhecidas,outras cumprimentei,minhas passadas eram longas,meu corpo esguio ditava meus costumes. Onde resido,é uma incógnita,que meus amantes não conseguiram responder. Minha família mantinha uma postura religiosa,perante qualquer acontecimento...Por mais corriqueiro que fosse. Isso sempre me deixou irritada!
Os tempos na faculdade foram repletos de gente insignificante. Se ir pro passado,ainda mais profundamente,estarei falando de uma adolescência em cárcere,e uma infância solitária.
Acabei conhecendo,em meus anos inértes,um grande amigo. Chamava-se Colombo.
Colombo dividia comigo,tudo,de sua vida. E assim eu era com ele. A reciprocidade estava em toda atividade de nossas vidas...Em nome dessa cumplicidade,nasceu um amor. Um amor que não pude vivenciar,pois era calado...
Não entendo quais foram as razões para Colombo agir desta forma,mas sei que foi por pureza. Tudo que ele fazia,era genuíno...De uma calmaria que acalentava minha confusão interna.
Passamos longos anos nos admirando,nos ajudando,nos apoiando. E não deixou de ser assim,nem mesmo neste instante.
Eu sempre apreciei a primavera. Sentia-a entrando em minhas veias,com sua melancolia disfarçada em riscos solares,e flores teatrais,que desabrochavam esperando aplausos.
Creio que escolhi o momento certo...O dia mais belo,para que Colombo me amasse. Da forma mais intensa que poderia ser. Antes de partir,pude senti-lo abraçando-me. O calor de seu corpo ao encontro do meu...Eu sempre soube,mas ele só me falou,quando eu já não estava mais aqui,de alguma maneira.
Susurrou em meu ouvido,aos prantos: "Amo-te,e sempre irei!"
Tão cavalheiro,tão puro,tão amigo...Me deixou na paisagem mais maravilhosa,para meu conforto. Foi nesse momento que me arrependi,de não poder mais sentir teus lábios no meu...E nem poder dizer o quanto também o amava. Só havia compreendido quando cheguei do outro lado,e meu avô não me deixava olhar para trás.




terça-feira, 12 de novembro de 2013

As águas de Lianna.

"Eu sei que você não pode acreditar...Mas,você irá com o tempo.
Quero lhe proteger,e pra isso,é preciso o sacrifício...Mantenha-se frio,mantenha nosso segredo em Pandora."


Longe de casa,caminhando com um trecho de uma música na cabeça...Que diz o seguinte : "De qualquer maneira,eles não conhecem você,como eu conheço."
Acho que estou preocupado sobre a coisa errada,contudo, meu lado metódico não me deixa seguir adiante,sem cogitar toda hipótese possível.
Arthur Conan Doyle...Mãe,por quê desde pequeno me fez apaixonar-me pela forma de escrita? Olhava meu avô como Holmes,fumando seu cachimbo de marfim. Enquanto virava as páginas de seu jornal matinal...
Cresci com ambientes cheirando a fumaça,cafeína,e naftalina. E meu pai ainda me dá tapinhas nos ombros,questionando a razão pela qual escolhi minha carreira profissional...
Perícia Criminal...Uma alma eternamente solitária como a minha,sedenta pela investigação e o poder da prova,necessitava de uma profissão menos,digamos, "depressiva"?
Oras,por favor...Poupem-me deste discurso! Nós nascemos para certas coisas...O estudo se torna mais fácil,inclusive. Só gente sem talento fala uma coisa dessas.
Acordei na madrugada,novamente...Minha insônia não me deixava descansar. Levantei da cama,reparei na silhueta do meu corpo pelo espelho na parede,que ela tanto fez questão de ter. Por um momento pensei em quebra-lo...Pedacinhos voando,enquanto refletiam o brilho da lua que invadia meu quarto.
Droga! Dormi com essa papelada toda em cima de mim...Nossa,preciso de um café.
Enquanto fazia meu café,reparei que a casa ainda estava com o cheiro de seu perfume...E os incensos que usava pro seu Yoga. Uma fúria imensa tomou conta de mim...Decidi terminar de fazer o café e desfazer de toda aquela tralha. Fiquei me questionando o por que aguentei tudo aquilo por tanto tempo,mas o fato é que ela havia deixado essa visão em mim...que banho algum de ervas ajudaria a tirar-me o estigma. Já estava vendo coisas,durante o trabalho,e fora dele...
Pensei em procurar um grupo de ajuda...Mas esse é o tipo de coisa que se fala para poucos.
Imagine-me chegando até a bancada e dizendo: "Olá,boa tarde a todos,sou perito criminal,e vejo gente morta." Eu realmente vejo gente morta,eu lido com cenas de crimes...hahahahahaha,cômico... Patético!
Mas como explicar os espíritos? Como explicar essas almas procurando desencarnação?
Bom,peguei as caixas e decidi que algumas,seriam devolvidas,outras,queimadas...
Ela não me deu escolha! Disse que eu não tinha tempo pra ela,nem pro nosso relacionamento...Nem pra pensar em ter filhos.Ok,eu daria um jeito. Mas,ela resolveu de forma mais prática e animalesca.
É,talvez eu seja realmente um nômade disfarçado em terno.É, UM NÔMADE...
MERDA! CHUTEI A PORCARIA DA CAIXA...VOU TER QUE ARRUMAR TUDO NOVAMENTE.

Olhei para o relógio,eram 02:57 am. Merda de horário...eu verdadeiramente adoraria ter um caso agora,nem que fosse um acidente qualquer.Para lidar com toda a cena,documentação,relatórios,e componentes. Falar com os policiais,montar estratagemas com meus colegas de trabalho.
Correr para o laboratório,aproveitando os excelentes químicos que temos...A aparelhagem...
Eu sou melhor assim,eu sou melhor nisso,eu sou...eu...é...eu...Esqueça.
Lágrimas escorrendo enquanto olho para nossa última foto,juntos.
Eu vi o suficiente,é tempo de ir...É tempo de respirar!
Larguei a foto entre os objetos e afins,para serem queimados.
Fui procurando cada vez mais,e obviamente,encontrando...Até juntar tudo.
O ódio tomou conta de mim,e a partir daqui...Estou pouco me importando com qualquer coisa.

"Você disse que não queria viver na escuridão,queria que eu a libertasse" .Te conduzi em meus braços como no Tango. Tirei você de toda aquela lama...E tudo que me resta agora,é limpar a sujeira que você deixou em mim.

Cada ponto da floresta de mim mesmo,cheira a você.
Pensamentos,pensamentos,sentimentos...Os feitos me levaram até as 5:30 am. Já era hora de começar a me arrumar para mais uma rotina. Preciso dar um jeito em tudo isso...Metade já está se encaminhando,porém,necessito da troca de horário. Calmantes não vão resolver meu problema...
Aprontei-me em cerca de 40 minutos,tomei meu café da manhã,liguei a tv,rodei alguns canais,não vi nada de interessante. Peguei meu casaco,minha bolsa,dei uma última olhada na minha aparência,naquele maldito espelho,e sai.
Os passos marcados,dados por pisadas fortes,compunham o meu humor. Entrei no carro,coloquei minhas coisas no banco traseiro,e dei partida.
Cheguei ao Instituto de Criminalística,em 2 horas de viagem...Trânsito desgraçado. Metrópole as vezes me irrita...Mas vivo dela. Sem ela,não há crime. Sem ela,não há mentes doentias.
Cumprimentei meus colegas e dei de cara com o Jorge, um dos que tenho grande orgulho de fazer parte do dia-a-dia. Demos o costumeiro "bom dia" seguido de uma provocação que chamamos de "up na carreira".
Nada demais,na verdade...Apenas o bom e velho sarcasmo em prática.
Ele me entregou uma pasta de arquivos,haviam umas fotos nela...Abri para verificar. Antes de analisar,o próprio Jorge começou a falar:
- Rob,quero que você analise muito bem esta cena,ok?
-Ok Jorge,você me conhece há anos,sabe como trabalho...Por que agora,essa "pressão"?
-Não,não é nada...Quer dizer,é sim,mas...Eu quero muito que você esteja em seu melhor momento particular e...
-O que meu momento particular tem a ver com isso?
-Você se sente feliz?
-Jorge,isso não tem nada a ver com nosso trabalho!
-Responde-me...
-Me sinto satisfeito com o meu trabalho...Quanto a vida pessoal,minha namorada terminou comigo há alguns dias atrás. Estou no processo de compreensão de tudo,para poder desapegar do sentimento ruim que persistiu em ficar...Foram anos de relacionamento e,enfim...
-Ok. Isso não pode prejudicar nossa investigação. Acho melhor lhe dar o dia de folga,pra você pensar mais em tudo e...
-Cala essa boca Jorge. Vamos logo pro carro,já estamos com tudo pronto. E por que diabos você está me escondendo os detalhes do caso,como topografia,etc?
-Tudo bem,vamos logo pro carro. No caminho eu vou te explicando,ok?
-Tá que seja...
Respondi em um ar de deboche...Fiquei irritado com tudo aquilo e nem pensei que estava sendo intolerante com meu colega de trabalho. Entramos no carro e fomos conversando...Eu percebia uma imensa cautela vinda do Jorge,ao falar sobre o caso. Parecia até que se tratava de...Deixa pra lá,vou nem pensar nisso.
Chegamos ao local,era íngreme,portanto paramos o carro,pegamos nossos mecanismos de trabalho,e seguimos a pé.
Quando chegamos na ponta desta ladeira,havia quase que um abismo,naquela mata. Tivemos que pedir reforços da equipe,para podermos descer em segurança para examinar a área e todos os componentes,e o restante da equipe ficar recebendo alguns dos dados que enviassemos,no ponto estável do terreno.
Os reforços chegaram,então prosseguimos no nosso trabalho. Descemos então,nos apoiando na própria terra,e nas pedras,para com que conseguissemos ultrapassar a parte mais difícil...A mata fechada.
Fomos adentrando,mais e mais...Com cautela. Havia um riacho mais para frente no terreno...Jorge pediu que eu o resguardasse, enquanto ele explorava mais. Aqueles arrepios me vieram até a espinha dorsal...Fechei os olhos por segundos,pensando em poder ver algo não explicável pela ciência...
E eu realmente vi...
Era ela, Lianna...Minha,minha...Adorada Lianna. Mas,o que ela estava fazendo aqui? E desta forma espectral? Não...
NÃO,LIANNA...NÃO!!!
JORGE...JORGE...
Jorge olhou pra mim,com profunda tristeza e quis me impedir de ver o corpo no riacho...Lá ela estava,com seu corpo todo imerso na água,boiando,inerte.
Pela primeira vez,eu chorei durante meu trabalho...Não conseguia nem respirar direito. Ajoelhei-me na beira do riacho. Eu não me importava com mais nada...Nada se passava em minha mente,apenas uma dor dentro de mim,que jamais havia sentido.
Minha linda...tão linda Lianna. Por que? Quem fez isso? Minha Lianna...Minha Lianna...

Jorge encontrou próximo onde eu estava sentado,uma bolsa...
Dentro desta bolsa,havia um "Livro das Sombras". Neste livro,nas últimas páginas,havia uma confissão:

"Rob,meu amado Rob...
Gostaria de lhe escrever nestas linhas,coisas positivas,ou até mesmo declarar o meu amor por você...Mas a única coisa que pude fazer,foi colocar dentre meu livro de estudos de magia,uma parte sobre nosso amor...E uma parte muito ínfima,por assim dizer. Me perdoe por isto...
 Eu quis escrever aqui, por ser algo verdadeiro...E você trabalha com isso,preza tanto isso. Eu nunca desisti das minhas raízes,de meus estudos...E escondia isso de você. Por isso escolhi justamente este livro,para poder falar que...Estou partindo. Você não pode entender agora,mas desejo que cante comigo,quando sentir-me perto de você. Eu te amo,e meu fim estava determinado:
Outò, ba mwen son ou,e,
Outò, ba mwen son ou,e,
Tanbouyè, o ba mwen son ou,
Solèy lève."





















segunda-feira, 26 de agosto de 2013

"Cavaleiros de Branco"




-"O ar entorpecido pelo absinto,recostado a mesa,e as taças vazias.Mentes atravessando além dos corpos repousados. Exteriormente tudo era em câmera lenta,interiormente,o oposto. Os 5 cavaleiros de branco, cada um em uma ponta do cômodo,observando seus respectivos alvos. Era o último drink,o último momento que estariam entregues ao véu verde...ao prazer etílico e alucinógeno,a fada verde."

"Justiça,enquanto caminha com a verdade,é fiel a seus princípios...E é isto que fazem."

Os casos são investigados de forma quase que instantânea.Mas não são casos recentes... A poeira de baixo do tapete persa,ergue-se,irritando as narinas e os olhos dos que temem.
Agentes infiltrados,anjos de branco,desbravadores do desconhecido,justiceiros?
Pode-se dizer que são seres humanos treinados,e cansados.Cansados de toda essa crosta...O restante, adquire-se com o tempo,e com estratégia...Assim como no Xadrez o lance inicial é realizado somente pelas peças Brancas, havendo também nisto uma correspondência com a afirmação da tradição esotérica de que antes da Criação manifestar-se através do Cosmos, houve uma Criação Primordial (o Adam Kadmon) constituída das Hierarquias Construtoras do Universo (os Elohim). Foi através dos movimentos impulsionadores destes Seres,que a Divindade veio a exteriorizar a Si mesma no jogo fenomênico das forças dos três mundos (planos) inferiores (físico, astral e mental).
Correspondentes,Os 5 cavaleiros constituíam-se em : Berloim,Madragka,Erlot,Pergof,Waskun. Seus nomes verdadeiros? Ninguém sabia,nem eles mesmos deixaram claro um para o outro suas identidades civis. Acreditavam que estas,eram suas identidades verdadeiras. 
Uma mulher,e quatro homens. Cujas vidas apresentadas neste texto resumiam-se a caçar criminosos,seja de qual ordem for.

Naquela quinta-feira chuvosa,estavam na mansão de Lavinsky. Um poderoso político,déspota...
Ele se encontrava com algumas acompanhantes e amigos de mesmo escalão.
Quando foram surpreendidos com os seguranças mortos,em peso...Um círculo de sangue formou-se,enquanto os corpos caídos lembravam uma cena dos filmes de Tarantino, na piscina principal,da mansão.
As acompanhantes vendadas por Berloim,e levadas para fora,em bondage(Os anos de marinha,e os passeios por casas especializadas, trouxeram um talento extremamente útil).
Com os aparelhos eletrônicos,Pergof,sentou-se a mesa...Com máscara veneziana,assim como os demais integrantes. Tirou a máquina de escrever da bolsa de couro,e começou a datilografar,e preparar os arquivos.
Erlot fazia os relatórios,enquanto Waskun colhia as provas. Para que a polícia local tivesse um bom trabalho adiantado.
Madragka observava...Se recordava de obras de arte,toda vez que via um corpo desfalecido.
Um momento não muito longo,e já estava preparada para ajudar Waskun no trabalho pericial,fotografando a cena,e colocando as placas necessárias para facilitar a localização,e por onde começou o extermínio.
Lavinsky morreu,junto de seus companheiros nada inocentes,por acusações publicas,de corrupção,assédio,lavagem de dinheiro,e violência sexual(sim,ele havia estuprado alguns homens e mulheres,mas...Encobriram isso,assim como todo restante,pra que prosseguisse em seu mandato).
Este trabalho todo levaria quase a madrugada inteira,mas,eles o executavam com maestria de detalhes em 2 horas. Agilidade era imprescindível! Apesar de cooperarem com a polícia,suas identidades não podiam ser reveladas...E ainda eram divulgados como assassinos(a polícia não conseguia ter acesso a prova alguma envolvendo-os. Afinal,a cautela morava nos 5,assim como o desespero no olhar dos que eram executados.Mesmo assim,precisavam culpar ao invés de agradecer...)
Era o princípio de tudo,apenas o principio...Contudo,faziam tão bem. Uma experiência de vidas passadas...Almas antigas em corpos jovens,com sede pela Gnosis de cada coisa. O toque investigativo,os olhares de predadores na noite...O compromisso com a verdade,a constância com o trabalho,e o sofrimento da incompreensão.
Cada passo dado...Era com dificuldade imensurável! Porém,lá estavam...Um olhando para o outro antes de entrar no carro. Tão íntimos,tão partes um do outro...Sabiam que haviam dois fins,para toda esta caminhada, que os esperavam. E pagavam o preço...Seja qual fosse.
Não,agora não podem voltar...Suas vidas civis eram passado.
Foram escolhidos,aceitaram isso e prosseguiam...Prosseguiam...Prosseguiam.
Fugitivos...justiceiros.




sábado, 24 de agosto de 2013


"O lado sombrio do amanhã." (Continuação)


Jonathan se encontrava pálido,desolado,e não passou desapercebido pelo policial que estava colhendo os depoimentos. Seu nome era Ben. Alto,magro,pinta de assuntos internos,mas nada de novato em seu semblante.
Ele se aproximou de Jonathan,que já se encontrava passando mal. Com muito cuidado começou a se apresentar. Eis então que questionou a Jonathan:
-Senhor,não pude deixar de reparar na forma em como se encontra,era próximo da vítima?
Então,ele,sem forças,levantou o olhar e respondeu pausadamente:
-Amanda é a mulher mais preciosa que já conheci...Mas sinceramente,não somos próximos ainda. (Não como eu gostaria,ele pensou.)
O policial prontamente,desconfiado,prosseguiu:
-O senhor demonstrou algum tipo de envolvimento emocional,eu preciso muito que o senhor seja mais claro em suas declarações,quando for requisitado na delegacia.
Jonathan,que não tinha mais nada o quê dizer,a não ser que estava de saco cheio,respondeu:
-Policial Ben,estou a total disposição para qualquer esclarecimento(soluço,pausa...lágrimas escorrendo novamente). Eu amo-a em segredo,e pra mim está sendo doloroso além do que você possa imaginar. Por favor,poderia me deixar sozinho?
Ben olhou para ele com sentimentos contraditórios,ainda desconfiava de que ele poderia tê-la raptado,mas...Resolveu deixa-lo em paz:
-Senhor Jonathan,se souber de alguma coisa...Qualquer coisa,entre em contato conosco. Aqui está o meu cartão.
Jonathan o pegou,e uma lágrima caiu no cartão em laminação fosca. Agradeceu,e se retirou.
Ligou para empresa,antes...se acalmou. Avisou que não poderia trabalhar,explicando a situação(não de forma integral). Deram-no 4 dias de folga,achando que era alguém de sua família.
Ele logo pensou...-"4 dias...tenho 4 dias para cooperar nessa investigação. Preciso pensar,agir...Preciso ter minha pequena de volta. Droga,ela não é minha! Quem será que a sequestrou? Quem? O que estão fazendo com ela?"
Sentou-se na poltrona de couro,que seu pai havia deixado na casa antes de sair,após a separação. Seu irmão era casado,já não estava mais presente com tanta constância,em sua vida.
Lembrou-se que fez questão de falar para seus amigos sobre seu interesse,por Amanda. Começou então a teia da desconfiança...E quanto mais ele se aprofundava,mais encontrava. Como se olhasse para o abismo,e ele retribuísse o olhar.
-"MALDITOS!" Falou alto,enquanto batia o punho no braço da poltrona. 
Seu jeito puro e deveras poético,de lidar com as coisas da vida,transformou-se em uma ira,sem igual. Um mar vermelho de sangue,se aproximava ainda mais...envolvia-o em ressentimentos,dores...O ódio...Ah,o ódio, como a principal arma para defender sua amada. Mas ele não percebia que se perdera,antes mesmo de começar qualquer busca,qualquer investigação,por conta própria.
Seu equilíbrio Taoista havia abandonado-o,para dar lugar ao lado animal humano...Ao lado da luta por preservação da espécie e território. Sentia-se com os músculos enrijecidos,mais do que o comum.
Tratou de tomar um banho frio,para ver se acalmava-se...O vapor saía de sua pele,esse calor era anormal.
E ele queria ir até o fim...Agora,não tinha mais volta.
Recordou-se de Ray,um caráter duvidoso e oportunista...Nojento,grotesco,asqueroso. Ele declarou em alto e bom tom uma vez,coisas absurdas sobre o que faria com Amanda em 2 horas.
Tinha acabado de tomar banho,e já se sentia suado. Jonathan pegou então a chave de casa,e se dirigiu a torre onde ele morava.
A polícia ainda se encontrava lá,obviamente. Ele disfarçou seu caminhar e foi...Bateu na porta,ninguém atendia. -"Era ele!" pensou.
Arrombou a porta,e encontrou a casa limpa... Desceu,chamou o policial Ben,e relatou o que havia acontecido. Ben procurava não ser brusco,devido ao estado emocionalmente instável que Jonathan mostrava. Mas sentia que ele falava a verdade...
Encobriu então o arrombamento da porta,e chamou seu superior.A investigação partiu dali,de forma mais densa. Nas ruas,uma equipe. No condomínio,outra de prontidão. 
A noite foi se aproximando,e completava 24 horas de desaparecimento...Toda equipe sabia que não podia deixar passar mais tempo. Quanto mais horas,mais as chances de reencontrá-la serão nulas!
A espera era insuportável,pra família principalmente. Os pais,irmãos,as avós,os tios e tias,todos...todos se encontravam paralisados,abatidos.
Jonathan em sua casa,olhava pela janela de vez em quando,em direção ao apartamento de Amanda. Só para reparar a movimentação. Nada...e nada...e mais nada,além da agitação proveniente.
O dia amanheceu,e ele não havia dormido. Sua mente estava como um labirinto...e cada vez mais soturno seu jeito de lidar,se tornava.
Mesmo que Amanda fosse encontrada,ele não seria mais o mesmo. O que estava acontecendo? Não se lembrava,e toda vez que tentava lembrar,sentia dor de cabeça.
Em meio a seus devaneios,pensou: -" Eu devia ter me aproximado,ter sido mais corajoso. Ela estaria comigo agora,protegida,segura. Minha,somente minha!"

Passaram-se então 48 horas,enquanto todos estavam perdendo as esperanças...Amanda apontou na colina onde o prédio foi construído. Desmaiou,assim que chegou.
Roupas ligeiramente rasgadas,sua pele estava suja de terra. Quem a pegou em seus braços,no resgate de si mesma,foi Ben.
Levaram-na então para o Hospital mais próximo,e depois seguiriam os exames de corpo de delito.
Jonathan,assim que teve a notícia,correu para o Hospital... A surpresa maior é que quando a visitou em seu quarto,ela gritava incessantemente.
Foi preciso que alguns enfermeiros viessem conferir o que estava havendo.
Ela dizia a todos que estavam presentes: -" Foi ele,foi ele. Esse filho da puta pervertido. Egocêntrico,psicopata,louco,machista...Foi esse desgraçado!"
Jonathan sentia como uma agulhada em seu cérebro,e caiu no chão antes mesmo que qualquer policial o encurralasse.
Quando acordou,estava em um dos quartos do hospital,onde foi improvisado um interrogatório,enquanto ele recebia cuidados médicos.
Ben o informou que Ray tirou férias há 2 meses,e foi encontrado em outro estado,com a família. Então quando menos esperou,Jonathan soltou uma gargalhada contínua e em sua expressão sarcástica dizia:
-"Amo-a desde que ela se mudou para o condomínio. Eu cresci naquele ambiente,nunca havia visto alguém com tanta luz...alguém que pudesse realmente ser minha. Estar a minha altura. Mas,ela me olhou algumas vezes,alguns cumprimentos...Ok(um sorriso lateral se formou ligeiramente). Por que ela não queria ser minha? O que há de errado nisso?
Ben o olhava aterrorizado e questionou:
-"Você a violentou,seu crápula?"
Outra gargalhada que tomou o hospital,a ponto de Amanda ouvir,foi dada. Ele então respondeu:
"-Não é violentar,quando se ama,é?"

A equipe logo chamou os psiquiatras locais, era nítido o distúrbio em Jonathan, e a polícia desconfiava que ele não havia tocado em se quer um fio de cabelo dela. Era preciosa demais,para ele.
Ao falar sobre isso,após com resistência ele tomar o tranquilizante e ser removido ao sanatório,exclamou:
-"Nada pode me segurar(sorrindo,descompromissadamente),agora,ela teve minha atenção...Mesmo olhando para mim daquela maneira,dizendo aquelas coisas...Ela sabe,ela sabe. Esse laço não se quebrará...Não...Não se quebrará..."

Amanda estava fora de perigo,mas resolveu visita-lo no sanatório. Forte como um baluarte,queria bater de frente com aquilo tudo,para não ter traumas na vida.

Assim que avistou-o,segurou firme na mão do policial Ben. Pensou em desistir,mas foi caminhando e sentou-se atrás dele. Pelo perfume,ele sabia que era ela,e então virou-se dizendo:
-"Meu amor,finalmente você veio para ficar comigo não é? Aqui é tranquilo,seguro,podemos ter nosso próprio canto,começar daqui uma vida nova...Juntos...!
Ela respondeu:
"-Por quê Jonathan,por que eu?
Jonathan passando a mão em seu cabelo,disse,com um suspiro profundo:
-"Porque você,Amanda,está destinada na vida,a caminhar ao lado dos mais afortunados. Nosso encontro,não foi do nada...Me mostraram seu nome,seu nome no fogo..."
-"Quem deu meu nome Jonathan,quem?" (a respiração de Amanda era escassa).
-"A Dama de preto,o véu da noite,o manto sagrado,a morada dos perdidos...Você é minha salvação...É MINHA SALVAÇÃO(começou a gritar),ENTENDA...É O SEU DESTINO!

Amanda saiu de lá o mais rápido que pôde,com os gritos de Jonathan em sua cabeça...
Quando caiu no sono,pelo cansaço,parecia ter um fardo irreparável para lidar.

Jonathan não a deixou simplesmente por estar no sanatório...
Ele sempre fazia suas projeções astrais,invadia os sonhos dela...Queria-a ao seu lado,na insanidade,como já quis um dia na plena sanidade.

"Porque eu quero,e isso será meu. Vontade sobre amor,amor sobre circunstâncias."








sexta-feira, 23 de agosto de 2013


"O lado sombrio do amanhã."



Ele sorria por dentro,vibrante,enquanto via-a caminhar...
Era um segredo tão seu,observá-la sem tocar. Mas,isso se tornava cada vez mais difícil,a cada encontro na vizinhança.
Jonathan dizia a si mesmo: -"Um dia,quem sabe um dia...Não,um dia sim,será minha!"
Uma madrugada mal dormida,devido um sonho...Sua mente estava tão atordoada,que um pesadelo era como um sonho radiante,ainda mais com a presença dela.
Um diálogo cerimonial,se fez. A escuridão os cercava,assim como o medo em suas variantes. Os olhares passavam de esperançosos a torturantes...Até mesmo no sonho,ela desviava dele,de alguma maneira.
Jonathan acordou tenso,primeiramente. E ia perdendo,a cada segundo que se passava do relógio ao seu lado,na cabeceira,a expressão de culpa,para a de prazer. Sentia o cheiro dela no ambiente...Uma viagem astral,talvez?
Essa duvida deixava-o ainda mais delirante. Como ele gostaria de ter uma mecha apenas,daquele cabelo negro como o manto sagrado da noite,para cheirá-lo sempre que possível. Não...SIM,e definitivamente sim.
Seu segredo estava se corrompendo,devido seu péssimo direcionamento da vontade. Ele falava dela para outras pessoas...Como? Não podia. Mas marcou-a em um território fantasma...Deixou-a como propriedade dele,aos olhos dos amigos.
Amanda e ele trocaram apenas alguns olhares e cumprimentos. Seus caminhos já não se cruzavam com tanta frequência...Ainda assim os contatos em comum,já sabiam do profundo querer,existente da parte de Jonathan.
Ela até poderia deixar alguma porta aberta,mas olhava-o com desconfiança...Algo dizia para permanecer assim.
Outra madrugada mal dormida...Dessa vez,era Amanda quem não pregava os olhos,após um mau presságio. Tomou um banho quente, e resolveu descer para o térreo de seu condomínio.
A lua estava cheia,o vento trazia o cheiro das plantas,que foram regadas recentemente. Fechou os olhos em um relance...Foi o suficiente.
Etoxietano,foi-lhe colocado no rosto...em um pano vermelho. O desmaio veio breve,porém com a luta antecedente. Amanda não era do tipo que se entregaria a qualquer situação,facilmente.
Ele a ergueu em seus braços...E carregou-a sem que houvesse qualquer alarde,nas câmeras de segurança e nem na vizinhança.
Esperto...escolheu os pontos cegos.

Pela manhã,bem cedo,a família de Amanda já havia reparado a ausência da filha,e acionado a polícia. Que investigava o caso,pegava depoimentos dos vizinhos,observava todo canto do condomínio e as gravações,assim como dava apoio aos mais próximos dela...
Na torre ao lado estava ele,sentindo seu coração dilacerar,sua calmaria derrotada pelo desespero. E o caos,havia apenas começado...
Chorava silenciosamente,e se sentou,colocando o rosto sobre as mãos,com cotovelos apoiados nos joelhos.Passou a mão direita úmida,em seus cabelos castanhos...Aquele poderia sem duvida ser o dia mais difícil de sua vida.
Coração acelerado,boca seca,sensação de desmaio...-"Ansiedade,você está aqui".

Pobre Jonathan...Pobre Jonathan.
Tanto a amar,tanto a sofrer...

(Continua)



domingo, 18 de agosto de 2013

Ninguém,alguém,quem... (Parte I)




-E em uma tarde de domingo cinzenta,ela olhava a planície pela janela do casarão. Parecia tudo tão providencial...As folhas em branco na mesa de centro,a caneta bico de pena com o nanquim ao lado.O lenço enrolado ao pescoço,o reflexo do agasalho negro,no espelho. A pele pálida e o vento dilacerante no rosto...Era apenas mais um dia. Não,não era.
Camille olhava atentamente os pássaros a voarem,migrando seus próprios destinos enquanto ela se mantinha em torno da lareira.
Os cabelos ruivos,cobrindo as bochechas rosadas e os lábios com batom cromado.Suas mãos estavam com luvas de couro,em tom marrom. A claridade que adentrava o ambiente era quase nula...tímida...repleta de ressentimento. Ela lembrava o quanto costumava ser feliz,quando criança...
Mas por que recordar disto,agora? Quando a criança interna está praticamente morta?
Levantou-se de súbito para atender a porta. Achou estranho receber visita a esta hora,mas foi de encontro. Ao olhar quem era,se surpreendeu ainda mais...
David,seu amigo que viajou para um país da Europa,e achava que nunca mais voltaria.
Os olhares se encontraram e ambos deixaram-se envolver em um forte abraço. Não precisavam dizer sequer uma palavra...Estava tudo ali,tudo ali.
-David,David,David...Por que demorou tanto?
-Minha bela Camille,continua tão radiante...Cabelos de pôr do sol.
Foram soltando os corpos um do outro,lentamente,até os olhares se cruzarem novamente. Tanto sabiam,tanto escondiam,tanto mantinham,tanto deixaram ir...
Tão completos,tão vazios.
"Over Your Shoulder" do Echo & The Bunnymen,tocava ao fundo. 
Deram as mãos e caminharam até o sofá vitoriano...Será que mais alguém estava presente?
Camille e David não eram como Bonny e Clyde,mas sabiam o que fazer em horas devidas.
Conversavam sentindo mais alguém naquela sala,ou até mesmo escondido pela casa.
O amuleto que Camille carregava no peito,quebrou-se em um estalo. Ela olhou para David,que já pressentia aproximação do alguém inóspito. 
-Camille(dizia David calmamente...),acho que vamos começar a caçar antes,do que esperávamos.
Ela recolhia os pedaços do amuleto no chão,como se quisesse salvar algum conteúdo,mas era tarde demais...
David levantou-se e foi atrás...Atrás...Do quê?
Camille seguiu-o com o olhar,os dois juntos,sempre faziam algo se manifestar...Algo vivo,morto,esquecido em algum lugar,permanente de algum lugar...
A casa parecia fechar-se cada vez mais,como em um cubo...E observar tornou-se insuportável,justamente para quem tem isto como um vício...Oh,Camille.
Caminhou então,com um ligeiro atraso perante David. 
Ouvia-se uma voz,mais de uma...Arrepiando a espinha dorsal de ambos,que já estavam um dando cobertura ao outro,como nos velhos tempos.
Parecia insuportável viver de outra maneira,eles sabiam disso,todo tempo.
Queriam se resgatar,mas,já estavam fazendo-o. O véu que lhes cobria os olhos...Ainda recordavam-se daquela última discussão.Onde levaram-os a caminhos tão opostos,buscando por si mesmos em outras circunstâncias,sendo que tudo que lhes pertencia...estava ali.
As vozes,os grunhidos,e outras manifestações,foram ficando mais intensas...Enquanto um sorria para o outro,sarcasticamente...

" Our Souls Will Remain ."


Por: Caroline Cavalcanti.